domingo, 30 de junho de 2013

Dia 13: Liverpool

Ontem fez um dia lindo em Londres, fiquei de bermuda e camisa o dia inteiro e ainda precisei usar os óculos escuros. Acho que consegui pegar uma cor, em Londres, isso é histórico.

Há um problema neste albergue em que estou, o aquecimento interior é muito forte. Dormir é uma tarefa dura com essa questão. Eu tenho minhas dúvidas se o calor não vem do sol que bate na janela a manhã inteira, isto é, a partir das 4:30 da manhã.

O metrô também é quente, imagino que no inverno seja o oposto, não controlar a temperatura é algo que deve sempre ser feito. E isto deve ser um incômodo, mudar de temperatura diversas vezes faz mal. Lembro que o metrô da Argentina também não tem condicionamento de temperatura e está normalmente quente, a menos que você esteja na estação, aí corre um vento forte.



Detalhe da estação de trem de Liverpool. Preciso conferir se essa é a estação que aparece em A Hard Day's Night.
Mas voltando ao tema, hoje é dia de visitar a terra dos Beatles. O trem para Liverpool partiu no horário previsto. Ele era bem confortável, não senti solavancos, nada. Cheguei bem em Liverpool e peguei um táxi para tentar pegar o tour de 11:30. Cheguei a tempo de comprar o último ticket. Adoro que nessas viagens muitas coisas dão certo.



Eu fiz o Magical Mistery Tour!
A primeira coisa que notei ao chegar em Liverpool e que ficou mais evidente no tour foi o sotaque. Esse sotaque eu conheço de longa data, deve ter sido o sotaque da língua inglesa com o qual eu mais me familiarizo. Foram horas de entrevistas que escutei com o sotaque scouse (gentílico da pessoa de Liverpool).

O tour passou por muitos lugares, a casa de nascimento dos quatro integrantes da banda, as casas onde compuseram músicas, a rua Penny Lane, o terreno do exército da salvaçao Strawberry Fields e terminamos o passeio no Cavern Club. A impressão que eu tive é que Liverpool é Beatles. Sem eles tenho minhas dúvidas se haveria turismo na cidade e até se haveria economia, tendo em vista o declínio e a mudança de indústrias para outros lugares no mundo.



Na esquina de Penny Lane.
Os portões de Strawberry Fields, um terreno do Exército da Salvação.
O Cavern fica bem abaixo do solo, o original foi destruído na década de 70 e reconstruído com os tijolos do antigo. Não é a mesma coisa, mas valeu. O que espanta é que faz pouco tempo pensaram em derrubar a casa onde Ringo nasceu para modificar a região. Será que eles não aprendem o quão importante para a história foram essas quatro pessoas?

Depois de passar um bom tempo no Cavern, escutar um show ao vivo, fui passear no porto. Lá encontrei uma exposição sobre a história deles. Aprendi mais alguns detalhes, vi diversos instrumentos e vi um monte de fanáticos como eu.



Na porta do Cavern Club.
É legal ver que de qualquer lugar, pequeno ou grande, podem surgir fenômenos. Essa é a prova da diversidade do mundo e de que as possibilidades estão para todos. Mesmo com poucos recursos, vindo de família menos abastadas, surgiram pessoas tão especiais.

Eu sempre me perguntei o motivo de ter sido Liverpool o local de surgimento da maior banda de todos os tempos. Eu tive várias dicas nesta viagem. A primeira e que eu achei fundamental é a influência de músicas vindas dos EUA. Liverpool era o grande porto do Atlântico e era por lá que chegavam os discos dos EUA. Os marinheiros viajam para lá, escutavam o que estava acontecendo, traziam para Liverpool para tentar vender e fazer um dinheiro extra.

E foi graças a essa variedade que muitos da cidade entraram em contato com tudo o que acontecia do outro lado do oceano e puderam mesclar isso tudo com o que também havia na Inglaterra, notadamente o Skiffle. Esse movimento levou ao surgimento de muitas bandas, que ficaram conhecidas pelo estilo Mersey Beat. Mersey é o nome do rio que corta Liverpool.

E não só isso, por ser uma cidade industrial e um porto, havia muita gente no centro e em seus horários de lazer havia público para as diversas casas e para os inúmeros shows que aconteciam. Não só no fim do dia, mas também na hora do almoço. Isso é uma grande escola para bandas iniciantes.

O número de bandas era tão grande e a cena musical tão aquecida que criaram um jornal para divulgar tudo isso que acontecia na cidade. Imagine que a cidade industrial, portuária, passa a ser uma capital cultural, especialmente relativa à música. Essa é apenas parte dos ingredientes de formação dos Beatles, mas estar no local para verificar e entender tudo foi imprescindível.



Este foi um dia intenso, mas foi um dia inesquecível, fiz o que há muito queria fazer, foi uma bela maneira de praticamente encerrar a minha viagem.

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