quarta-feira, 10 de abril de 2019

Museu judaico, café e caminhada

Faltando um dia e meio para voltar, já comecei a diminuir o ritmo. Meu dia começou mais tarde, e a ideia era sair tranquilamente e sentar-me num café. Queria aproveitar para ler, escrever e apenas ficar descansando. 

O café ficava a trinta minutos andando do albergue. Eu tinha duas opções, metrô ou caminhada, optei pela segunda e gostei. A rua tinha uma leve descida o que tornou a caminhada muito agradável. 

Detalhes numa varanda

Praça dos judeus

Prédio do arsenal

Caminhei prestando atenção nos detalhes, mas bem tranquilo. Em trinta minutos cheguei no café Sperl. Mais um lugar lindo, resolvi experimentar os ovos mexidos e também pedi um suco de laranja. Ambos eram diferentes, os ovos vieram mexidos, mas numa massa única, acho que consigo reproduzir. E o suco era vermelho, deve ser de um tipo diferente de laranja.

Salão do café Sperl

Detalhes do fim do salão

Comi os ovos com uma cesta de pães que veio logo em seguida. Terminados os ovos, fiquei lendo e escrevendo. Depois pedi um café expresso, a conta e fui andar. Fui para a rua de comércio e entrei em algumas lojas.

Preciso devdeco mais meus pratos

Suco de laranja

Detalhes dos torrões de açúcar

Resolvi ir visitar o museu judaico já que as exposições da semana passada deveriam estar prontas. No primeiro andar era relatada a história dos judeus austríacos, especialmente os de Viena, assim que houve a anexação da Áustria pela Alemanha. Dentre relatos, fiquei impressionado com o discurso do presidente da Áustria entre 1945 e 1953, dizendo explicitamente que os judeus poloneses não deveriam vir para a Áustria. Eu não sei por que, mas estas coisas sempre me impressionam.

No segundo andar havia outra exposição que teve um impacto diferente. Era de um fotógrafo austríaco que fugiu para o Brasil e lá ficou, chamava-se Kurt Klagsbrunn. Ele fotografou o carnaval, a construção de Brasília, a Copa de 1950 e diversos outros eventos. 

Foto de Kurt Klagsbrunn

Foto de Kurt Klagsbrunn

Algumas fotos me chamaram muito a atenção, dentre elas um rapaz dormindo na arquibancada de um Maracanã vazio. Ele tinha roupas sociais postas, mas estava descalço. Essa é uma marca comum de pobreza, sapatos são itens mais difíceis de se conseguir seja por compra ou doação, e acabam servindo como indicador o grau de pobreza.

A outra foto era a de uma pessoa também com roupas bastante desgastadas tomando um café numa xícara. Havia outras fotos igualmente interessantes, como uma tirada de uma varanda em Copacabana de onde se vê a praia e outra na qual o Palácio Monroe estava ao fundo. Eu ainda não entendi o motivo de terem-no derrubado.

Havia ainda a exposição sobe um pintor famoso chamado Arik Brauer (curiosamente o nome da família era Segal, antes do pai mudar para Brauer ao chegar da Lituânia), que além de pintor era músico, cantor, dançarino. Ou seja, um artista em várias vertentes da expressão. O que achei de interessante foi o fato de ele ter ido para Israel e ter vivido sempre entre duas culturas. Isso reflete a minha situação e gostei de ter visto isso.

O terceiro piso contava a história de judeus austríacos proeminentes, inclusive homens de negócios que fizeram empréstimos à Áustria em momentos de guerra. Alguns deles não tiveram as dívidas quitadas, e além disso o governo muitas vezes expulsava ou proibia os judeus de viverem na Áustria.

A exposição também abordou figuras como Freud, que dispensa explicações, Theodor Herzl, a pessoa que entendeu que sem um estado judaico, os judeus estariam para sempre à mercê do humor de governantes e o compositor Gustav Mahler, que eu não sabia que era judeu. 

O quarto andar mostrou alguns objetos que me chocaram muito, eram esculturas, bonecos de metal, canecas, bengalas, todos dando forma em três dimensões àquelas caricaturas que retratam os judeus com formas diabólicas, monstruosas e caricatas. Eu nunca havia visto estas figuras sem que fossem desenhos. O que impressiona é que alguém colocou o esforço em algo que toma mais tempo e consome mais recursos do que um desenho. Não saí muito feliz do museu.

Então resolvi ir almoçar, fui a um lugar que eu já havia marcado na internet, é um bar com diversos hambúrgueres e cervejas. Notei que tanto este bar, aquele das cinquenta torneiras e o Delirium Café daqui eram do mesmo dono. Comi um hambúrguer com queijo azul e uma cerveja austríaca produzida com ingredientes locais e água dos Alpes! 

Fiquei na dúvida

Andei um pouco mais e voltei caminhando os quatro quilômetros até o hotel. Estava precisando muito baixar o ritmo, mas ter andado doze quilômetros não é descansar propriamente. Na volta ainda passei por uma feira com alguns produtos interessantes.

Barraca de produtos suínos

Barraca de queijos

Um doce diferente

Mosaico

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