sexta-feira, 5 de abril de 2019

Liubliana

Até parece que estou no mesmo albergue. Pela terceira noite alguém interrompe o meu sono fazendo barulho e ligando a luz. Eu pedi educadamente para que deixassem de conversar, mas não me deram tanta atenção. 

Acordei por volta de 7:00 e fiquei na cama descansando. Meu joelho ainda estava doendo, não acho que tenha sido somente a caminhada, há umas duas semanas acertei-o com um peso na academia. Estou tentando diminuir o ritmo. 

Tomei o café-da-manhã no albergue e de lá fui para a estação de trem. Novamente entrei no lounge para a primeira classe. O aquecedor estava muito forte, tão desagradável que preferi ficar na plataforma aguardando o trem. 

A viagem durou mais de três horas, se não fossem tantas paradas poderia ter sido muito mais rápida. Cheguei à capital da Eslovênia e já notei uma diferença considerável na estação de trem, bem menos moderna que as estações na Áustria. 

A paisagem novamente estonteante

Fomos acompanhando o rio Sava

Foi fácil chegar no albergue, peguei umas orientações na recepção e segui em direção a um restaurante de comida típica. Pedi salsichas com chucrute, bacon e uma espécie de farofa, que assim a descrevo por falta de melhor termo. Estava saboroso. 

Já passavam das três da tarde e eu queria visitar o que pudesse ainda hoje. A primeira parada foi o castelo, que ficava, novamente, no topo de uma montanha. O castelo foi construído tendo como base um forte mais antigo, então era uma mistura de estilos.

O caminho era muito bonito, novamente

 Muitos edifícios de esquina tem detalhes

As três pontes no centro

Da torre de observação dava para avistar toda a cidade, 360 graus. Terminei a visita ao castelo e segui a caminhada pelos outros pontos de interesse que eu havia marcado no mapa, dentre eles algumas pontes, fontes, construções famosas. 

O rio Ljubljana corta a cidade

A subida para o castelo

Há diversas passagens como essa

A cidade é bem limpa, charmosa, cheia de detalhes, mas se nota que não é muito grande e, parece, não está se expandindo tanto.

O castelo de Ljubljana

Detalhe na entrada do castelo

Vista de uma das muralhas


Eu fiquei curioso com o idioma, embora seja do ramo eslavo e muitos fonemas soem russo, às vezes eu escuto um sotaque italiano e ainda outras vezes êxito algo que parece ser português. Nossa audição sempre tenta encaixar o que escutamos ao que conhecemos, é um processamento sem fim.

Vista a partir da torre de observação ao castelo

No caminho de descida, tive essa vista da cidade


Fiquei satisfeito de ver todo que tinha planejado, isso me deixava mais livre no dia seguinte. Voltei ao albergue e logo na entrada havia uma mesa de centro onde três pessoas estavam conversando. Eu me apresentei e aí veio a surpresa, um dos caras era da Tunísia. Eu fiquei tateando a situação para ver o que abria de informação

Vista panorâmica

Viela chegando na cidade

Assim que tive oportunidade perguntei se não era proibido beber cerveja, uma maneira indireta de saber o grau de religiosidade dele. Logo ele falou que era ateu e então me senti à vontade para dizer  era judeu, embora não crente. Conversamos um pouco mais e eu disse onde morava. Ele me perguntou o que eu achava da situação política, quando dei minha opinião falando em dois estados, ele falou que acha essa questão de religião e fanatismo uma loucura.

Ele garantiu que talvez 90% da população da Tunísia não seja muçulmana embora não admitam em público. Disse que a vida lá é muito boa e que todos deveriam visitar. Achei muito legal poder sair da bolha de informação e conversar com alguém de lá e recusar a opinião em primeira pessoa.

Deste assunto passamos à política no Brasil, uma australiana e uma suíça estavam interessadas. Fiz um panorama da situação, das distorções de informação que chegam ao exterior e dei minha opinião sobre economia e liberdade. A australiana, que era advogada, achou que eu era politico por conta dos argumentos pró-liberdade individual que eu fazia e contra a intervenção do estado em assuntos privados.

Uma outra garota apareceu na conversa, era francesa e ao longo da conversa descobri que também era judia. Ela disse se sentir mais francesa do que qualquer coisa. Expliquei como eu me vejo neste emaranhado de culturas e estou certo de que não sou o único nesta situação.

Depois de sair para jantar, voltei e havia  ainda mais gente na mesa. Ampliamos o debate, desta vez incluindo dois australianos, um indiano e um inglês. Eu fiquei impressionado como as pessoas se interessam pela situação geral do Brasil. É inegável que os últimos eventos esportivos colocaram o Brasil no mapa de muita gente. A que custo? Isso é um outro debate.

O dragão é o símbolo da cidade. Aqui ele aparece em uma ponte.

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