Até parece que estou no mesmo albergue. Pela terceira noite alguém interrompe o meu sono fazendo barulho e ligando a luz. Eu pedi educadamente para que deixassem de conversar, mas não me deram tanta atenção.
Acordei por volta de 7:00 e fiquei na cama descansando. Meu joelho ainda estava doendo, não acho que tenha sido somente a caminhada, há umas duas semanas acertei-o com um peso na academia. Estou tentando diminuir o ritmo.
Tomei o café-da-manhã no albergue e de lá fui para a estação de trem. Novamente entrei no lounge para a primeira classe. O aquecedor estava muito forte, tão desagradável que preferi ficar na plataforma aguardando o trem.
A viagem durou mais de três horas, se não fossem tantas paradas poderia ter sido muito mais rápida. Cheguei à capital da Eslovênia e já notei uma diferença considerável na estação de trem, bem menos moderna que as estações na Áustria.
Foi fácil chegar no albergue, peguei umas orientações na recepção e segui em direção a um restaurante de comida típica. Pedi salsichas com chucrute, bacon e uma espécie de farofa, que assim a descrevo por falta de melhor termo. Estava saboroso.
Já passavam das três da tarde e eu queria visitar o que pudesse ainda hoje. A primeira parada foi o castelo, que ficava, novamente, no topo de uma montanha. O castelo foi construído tendo como base um forte mais antigo, então era uma mistura de estilos.
O caminho era muito bonito, novamente |
Da torre de observação dava para avistar toda a cidade, 360 graus. Terminei a visita ao castelo e segui a caminhada pelos outros pontos de interesse que eu havia marcado no mapa, dentre eles algumas pontes, fontes, construções famosas.
A cidade é bem limpa, charmosa, cheia de detalhes, mas se nota que não é muito grande e, parece, não está se expandindo tanto.
O castelo de Ljubljana |
Detalhe na entrada do castelo |
Vista de uma das muralhas |
Eu fiquei curioso com o idioma, embora seja do ramo eslavo e muitos fonemas soem russo, às vezes eu escuto um sotaque italiano e ainda outras vezes êxito algo que parece ser português. Nossa audição sempre tenta encaixar o que escutamos ao que conhecemos, é um processamento sem fim.
Fiquei satisfeito de ver todo que tinha planejado, isso me deixava mais livre no dia seguinte. Voltei ao albergue e logo na entrada havia uma mesa de centro onde três pessoas estavam conversando. Eu me apresentei e aí veio a surpresa, um dos caras era da Tunísia. Eu fiquei tateando a situação para ver o que abria de informação
Vista panorâmica |
Viela chegando na cidade |
Assim que tive oportunidade perguntei se não era proibido beber cerveja, uma maneira indireta de saber o grau de religiosidade dele. Logo ele falou que era ateu e então me senti à vontade para dizer era judeu, embora não crente. Conversamos um pouco mais e eu disse onde morava. Ele me perguntou o que eu achava da situação política, quando dei minha opinião falando em dois estados, ele falou que acha essa questão de religião e fanatismo uma loucura.
Ele garantiu que talvez 90% da população da Tunísia não seja muçulmana embora não admitam em público. Disse que a vida lá é muito boa e que todos deveriam visitar. Achei muito legal poder sair da bolha de informação e conversar com alguém de lá e recusar a opinião em primeira pessoa.
Deste assunto passamos à política no Brasil, uma australiana e uma suíça estavam interessadas. Fiz um panorama da situação, das distorções de informação que chegam ao exterior e dei minha opinião sobre economia e liberdade. A australiana, que era advogada, achou que eu era politico por conta dos argumentos pró-liberdade individual que eu fazia e contra a intervenção do estado em assuntos privados.
Uma outra garota apareceu na conversa, era francesa e ao longo da conversa descobri que também era judia. Ela disse se sentir mais francesa do que qualquer coisa. Expliquei como eu me vejo neste emaranhado de culturas e estou certo de que não sou o único nesta situação.
Depois de sair para jantar, voltei e havia ainda mais gente na mesa. Ampliamos o debate, desta vez incluindo dois australianos, um indiano e um inglês. Eu fiquei impressionado como as pessoas se interessam pela situação geral do Brasil. É inegável que os últimos eventos esportivos colocaram o Brasil no mapa de muita gente. A que custo? Isso é um outro debate.
O dragão é o símbolo da cidade. Aqui ele aparece em uma ponte. |
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