domingo, 7 de abril de 2019

Indo a Salzburg

Novamente, na madrugada, fui acordado. Dessa vez o casal de coreanos chegou às 3 da manhã. Levantei para que eles de dessem conta de que me haviam acordado. Depois de um "sory", continuaram a fazer barulho por mais algum tempo.

Acordei perto de sete da manhã, arrumei a mala já que havia posto roupa para lavar, tomei um banho e café. Embora incluso, o café-da-manhã é bem fraco. Pão de forma, manteiga, geleia e um genérico de pasta de chocolate com avelãs, café, leite e cereais.  

Saí do albergue com tempo suficiente para chegar na estação. Conferi a plataforma e fui aguardar o trem. Já no painel da entrada havia a sinalização de atraso de quinze minutos. Sentei num banco e aguardei pacientemente. Começou a ventar e o trem era anunciado com um atraso maior. No final o trem chegou com mais de trinta minutos de atraso. Tive de usar pela primeira vez nessa viagem a segunda camada de casaco. 

Esse trem era diferente do anterior, parecia menos moderno e o vagão era composto por cabines ao invés de ser aberto. Tentei medir a velocidade do trem, mas não consegui. Tenho a impressão de que ele estava tentando recuperar o atraso. Ao passar por estações menores, buzinava e não diminuía o ritmo.

O caminho, novamente, era repleto de lindas paisagens. Montanhas com neve, vilas, pasto, vacas, campo trabalhado para a agricultura, casa de apoio de madeira, havia uma variedade enorme e fui me divertindo no caminho. 

A espetacular vista que me acompanhou durante a viagem


Áustria ou Suíça?

Passamos por muitos túneis, algumas pontes e muitíssimos vales. Talvez tenha sido a viagem de trem mais bonita que tenha feito.

Cheguei em Salzburg perto das duas da tarde, fiz o check-in e já fui explorar a cidade. Minha ideia era comer, passear e depois ver o que ainda sobrava para os outros dias. 

Rio Salzach

Cruzei o rio Salzach e fui em direção à cervejaria Augustiner. Subi uma rua, uma leve ladeira, passei na frente de uma porta fechada. Achei estranho, li o aviso e de acordo com ele o restaurante estava aberto. Empurrei a porta, ela se abriu para um corredor. Segui o corredor, havia uma seta indicando passa seguir à esquerda. Notei que havia uma abertura, dessa vez à direita. Era uma escadaria que levava para o andar inferior, talvez dois pisos abaixo.

A escada que anunciava a felicidade

Lojinhas de comida

Meu prato e o biergarten

Cheguei a um corredor, comecei a notar algumas lojinhas vendendo comida. Doces, pães, queijo, frango assado com batatas, diversos cortes de carne de porco, chucrute, mas não via a cerveja. 

Armário de canecas

Lave, pague e beba

Mais um pouco adiante vi um armário com canecas, depois outros, algumas torneiras com água, uma fonte com quatro torneiras de água, e finalmente atrás, a cervejaria! 

Decidi comer uma barriga de porco com batatas assadas, chucrute e, é claro, cerveja. Havia duas opções de lugar para sentar. Ou num dos lindos salões, que eram fechados, piu no biergarten. Como o dia estava lindo, fiz a opção pelo segundo lugar.

Pronto, agora estava abastecido. Podia seguir passeando. A primeira atração que eu quis ver foi o castelo. Para chegar lá, adivinhem, uma subida leve, uma subida mais inclinada e logo na chegada à porta do castelo, uma subida realmente íngreme. Bastou isso para começar a suar e querer estar de bermuda, ou pelo menos tomando uma cerveja.

O castelo de Salzburg e a subida derradeira

Outra vista

Pátio interno

Decidi por fazer o passeio completo. O castelo é muito grande, o pátio dava voltas, subia, descia, havia como chegar a qualquer lado por mais de um caminho. Demorei a me orientar. Fui visitando o castelo pouco a pouco, até que cheguei aos museus. 

O castelo visto lá de baixo

Eles explicavam a história da construção do castelo, como o arcebispo acumulava os líderes religioso e civil, o motivo de Salzburg ser tão rica e também a história de Salzburg como um estado independente.

Hurdy-gurdy, o instrumento que define o som medieval

Num resumo, Salzburg obtinha riqueza das minas de sal que era muito importante para conservar alimentos. A cidade enriqueceu e com tanto dinheiro um castelo passa a ser um bom lugar para gastar a fortuna.

Os aposentos no castelo eram no estilo medieval que eu gosto. Alguns ambiente eram recobertos por madeira, outros apenas pedras, a área da biblioteca, que está em reforma, era recoberta por lindos painéis de madeira e aquecida por uma estrutura de cerâmica toda decorada. Já o quarto de dormir não tinha aquecimento, acreditava-se na idade média que dormir em ambiente aquecido não era bom.

Aquecedor de cerâmica

Salão de festas

Detalhes da porta e parede

Além dos aposentos visitei um salão de festas espaçoso, cujas colunas eram também decoradas. Nos demais aposentos do castelo estavam expostos diversos objetos de diferentes períodos: espadas e armaduras medievais, instrumentos musicais antigos (incluindo um hurdy-gurdy), uniformes imperiais, insígnias, metralhadoras da primeira e segunda guerras, moedas, etc... Havia muita história exposta. 

Vista do interior para a torre e cidade

Subida estreita

Pátio interno do castelo com estrutura de torre de vigia

Esse é meu tipo preferido de castelo, medieval, com a estrutura bem característica, dispositivos mecânicos, passagens estreitas, poço. Desde muito criança sou fissurado neste tipo de construção. Sempre lembro da enciclopédia ilustrada que meu pai me fazia ler mas nas férias antes de sair para brincar.

Depois de explorar todo o castelo, desci a montanha e cheguei ao centro da cidade, lá visitei a catedral de Viena, no estilo barroco, visitei algumas praças, mais igrejas, o local de nascimento de Mozart e mais vielas e passagens. 

Descida para o centro

Catedral de Salzburg 

Fachada da catedral de Salzburg

Interior da catedral de Salzburg

Resolvi me inscrever num passeio guiado. Como começaria em outros quarenta minutos, sentei para comer um pretzel e tomar uma cerveja. Passado algum tempo fui para o ponto de encontro. O passeio valeu mais pelas dicas gastronômicas. 

E foi num dos lugares indicados que jantei. Pedi um bife suíno com uma bola feita de massa (eu acho que é daí que vem o kneidele, já que ele se referiu à comida como kneidel), repolho cru, raiz forte ralada e molho. 

Do meu lado, também sentado no balcão estava um americano de Austin, no Texas. Ficamos um bom tempo de papo, novamente, chegamos a assuntos como política, economia do Brasil, mas ele também deu uma visão de um americano que já saiu dos EUA e tem uma cabeça mais aberta que a imagem que temos dos americanos. 

Dizem que Austin é uma cidade bem aberta e pelo que escutei dele, parecia que a fama é verdadeira. A imagem que temos do Texas não se aplica à Austin.

Quando expus minha visão política de mundo, ele me falou que tem muita gente nos EUA adotando essa postura mais libertária. Teremos anos interessantes pela frente.

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