sábado, 6 de abril de 2019

Bled

Finalmente uma noite sem interrupções! Embora o quarto comportasse seis pessoas, só havia outra além de mim. Eu teria dormido bastante se não houvesse ido dormir quase meia-noite. Já me foi suficiente ter dormido sem interrupções.

O café-da-manhã estava cheio, como de costume nesse tipo de situação, cada um pergunta ao outro os planos para o dia. Eu não havia planejado nada, então quando o indiano falou que estava indo visitar Bled é e me convidou, topei na hora. Fui me trocar e já fomos pegar o ônibus.

Um caminho de 46 Km demorou uma hora e meia. Fomos parando por todo o percurso. Fiquei curioso de saber o tamanho do país, já que na minha cabeça Bled era no norte, quase na fronteira com a Áustria. Entrei na Wikipédia, olhei o tamanho, fui na página do Brasil e descobri que a Eslovênia é menor que Sergipe. Estes mapas isolados enganam muito. 

Durante o caminho fomos conversando. Ele é dentista em Mumbai, comentei o hábito brasileiro de higiene bucal e das reportagens que citavam estudos relacionando baixo desempenho de atletas à ocorrência de doenças bucais. Ele ficou feliz em saber que há lugares onde a saúde bucal é levada muito a sério. 

Perguntei sobre como seria visitar a Índia, ele me explicou um pouco da geografia das diferentes regiões. Elas são divididas em norte, sul, leste e oeste, mantendo semelhanças que permitem que sejam agrupadas em quatro.

Perguntei sobre línguas, ele fala cinco idiomas locais, disse que fora o idioma da cidade, ainda há idiomas regionais. Imaginem o que não deve ser manter um país coeso, debater assuntos, quando já o idioma é uma barreira.

Tive também a oportunidade de falar um pouco sobre o Brasil, mostrando alguns pontos no mapa e apontando a diversidade de ecossistemas que o país apresenta. 

Quando falei em quanto tempo levei para planejar a viagem, ele ficou espantado e me perguntou como consegui vistos tão rapidamente. Só então me dei conta do quão problemático deve ser viajar para tantos países necessitando tratar de visto a visto individualmente. 

Chovia no momento em que chegamos em Bled, era uma chuva fininha, parecia inofensiva. Fomos até o lago e começamos a andar. Ao longo da caminhada a chuva foi ficando mais forte e eu ia me molhando. Mais ou menos após ter percorrido um terço do caminho eu já estava com os pés completamente molhados, o casaco ensopado e a calça já estava pesada de tanta água.

Castelo e igreja

Assim que cheguei ao lago

A rua molhada foi uma constante durante a volta

Seguimos bravamente. Fomos tirando fotos, conversando, relativizado a situação e assim o tempo foi passando. Completamos os pouco mais de dois quilômetros de caminhada. Fomos visitar o castelo, para chegar nele, novamente, escada numa montanha. 

A ilha e sua igreja

A igreja em detalhe

No verão o lago deve ser bem disputado

O castelo compunha com o lago e a igreja, que ficava na única ilha dentro do lago, um cenário muito bonito. Lá em cima comemos uma torta de creme bem famosa por aqui, junto com um café. Foi uma boa pausa, mas ela serviu para me lembrar que eu estava completamente encharcado, já que sem me movimentar ficava com frio. 

A subida nos lavava a esse ponto

Torta de creme e café

Vista de cima do castelo

Então voltamos a nos movimentar, visitamos o resto do castelo que nos faltava, descemos a escadaria, paramos num bar e esperamos o ônibus de volta. O frio começava a incomodar e os minutos finais aguardando o ônibus teimavam em não passar. 
Caminho que levava à torre
Telhado do muro

Pátio interno com lago ao fundo

Quando o ônibus finalmente chegou, notei que o aquecimento não estava como eu gostaria que estivesse. Mas tudo bem, agora era só visualizar a chegada no albergue, um banho quente, e, com sorte, haveria um secador de cabelo para recuperar as condições de meus tênis, casaco e calça. Como eu havia posto a outra calça para lavar, eu precisaria secar a que eu vestia.

Avaliando o que eu trouxe para a viagem e o que poderia melhorar, acho que passei bem perto da mala ideal. Noto que me falta um casaco impermeável com capuz e algum calçado igualmente impermeável. A roupa veio numa bolsa de mão, que embora fácil de carregar, carece de um pouco mais de espaço. Eu considero a restrição de espaço como algo bom, já que me obriga a ser prático na escolha do que levar para uma viagem.

Depois de todo o processo de secar a roupa, me banhar, fui almoçar. O restaurante tinha excelente comida, era barato e ainda tinha uma missão bem legal, empregava pessoas com variadas restrições. Por exemplo, vi um garçom portador da síndrome de Down. Eu pedi um ensopado de carne com ervilhas. Havia diversos tipos de carne dentro, notei algo que parecia músculo, linguiça e algum outro miúdo, talvez fígado.  Acompanhava uma cesta de pães que me ajudou a comer todo o caldo. É claro que no caminho chovia e novamente me molhei, mas em bem menor escala.

Achei que ia dormir sozinho, mas foram chegando mais pessoas no quarto, um casal coreano e um holandês. 

Fui para a sala e novamente havia gente de papo. A recepcionista da noite nos preparou linguiças eslovenas, queijo e vinho branco. Foi muita gentileza. Novamente ficamos de papo, variando os assuntos. 

Um comentário:

Unknown disse...

Muito bom. Casaco impermeável e capuz da próxima vez! Haha