quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Museus

As manhãs aqui estão muito frias. Eu novamente acordei cedo e esperei bastante até sair de casa. Quando saí já tinha destino, o museu Van Gogh. A caminhada foi de no mínimo trinta minutos, eu prefiro caminhar quando não conheço a cidade. Eu já tenho ido e voltado ao trabalho à pé, um trajeto que leva vinte minutos em cada direção, então esticar mais dez minutos não é problema.


A cidade de manhã é muito silenciosa, não se escuta quase nada apesar do trânsito de bicicletas. No caminho todo só reparei duas pessoas conversando enquanto pedalavam lado-a-lado e logo em seguida um cara falando no celular. Fora isso, durante todo o meu percurso só escutava o pneu passando pelo chão e aquela campainha que serve de buzina.

Cheguei pouco antes da abertura do museu, então esperei bem pouco no frio. Todo lugar de visitação aqui tem um guarda-roupa, o que ajuda bastante. Comecei a visita em ordem cronológica. Van Gogh começou a investir seu tempo na arte da pintura aos vinte e sete anos, o que impressiona. Seus primeiros trabalhos tinham a tonalidade mais escura embora a natureza já aparecesse como um de seus temas favoritos.

É muito interessante ver a evolução de suas obras, como sua passagem pela França teve influência, pelo contato que teve com outros artistas. Um ponto que me chamou a atenção eram suas preocupações mundanas, como renda, aceitação, estabilidade. Estes são temas que nos tocam a todos, não há ser humano que não se preocupe com eles. É impressionante como nosso sustento, atualmente traduzindo em ganhos financeiros, nos impacta, molda e direciona.


Van Gogh tem seu aprendizado concluído, avança como artista ao criar um estilo próprio tanto em técnica de execução quanto domínio da paleta de cores, transmite o mundo através de seus quadros e por fim decide dar um basta à própria vida. Ele causou um impacto profundo na arte, ditou estilo que serviu de inspiração a outros, inclusive a Munch que adota um estilo de cores que para mim conecta ambos os artistas.

O museu traça a história da descoberta do artista, mostra sua vida, detalha suas aflições, seus estudos, suas dores, mas na minha opinião não termina com um clímax. Diversas pinturas poderiam estar expostas, mas não estão. Lembro de tê-las visto em Paris, uma pena não estarem todas juntas.
Como estava muito perto do Rijskmuseum e como fazia muito frio, resolvi seguir a manhã visitando museus. Esse museu era grande, eram muitos quadros e muitas salas. E já não era manhã, ou seja, muita gente e muito ruído.


Novamente segui a ordem do museu, mas não deveria ter feito isso. Deveria ter seguido diretamente para o salão nobre. Porque quando cheguei havia tanta gente, que fiquei pouco tempo olhando as principais obras. Essa é uma dica importante, chegar no primeiro horário, ir direto aos pontos mais visitados. O oposto também vale, deixar para o fim do dia. Mas como seu sou da manhã, minha opção é ir logo.


Eu fiquei bastante tempo no museu, novamente o que mais me chama a atenção são quadros de mar. Se tiver navio, tempestade ou apuração no mar, eu adoro. Lembrei dos quadros de Turner que vi em Londres. O segundo motivo que mais gosto é natureza, se há uma gestação bem definida, melhor ainda.

Retratos não são a minha paixão, mas consigo entender porque determinados quadros são importantes. Até consigo admirar a técnica. Outra coisa que me impressiona muito são quadros grandes, com muitos detalhes, é tanto esforço empregado que acho legal.


Perto de uma da tarde, já fim bastante fome frio buscar um lugar para comer. Achei um que já havia pesquisado, chamado The Pantry, com comida típica. Pedi o menu com três pratos. Comecei com uma sopa de ervilha com bacon. É impossível tomar uma sopa de ervilha e não lembrar do vovô Ício. Ele tinha mais de oitenta anos e repetia a história de quando havia ficado preso no internato no final de semana, teria sido horrível não fosse a "melhor sopa de ervilha" que ele tomou na vida!


Depois dessa sopa que se torna muito mais saborosa com o inverno, veio o prato principal, salsicha com três tipos diferentes de purê: um com repolho, um com cenoura e cebola, e por fim, um com espinafre. Todos muito saborosos. A sobremesa era iogurte com um creme doce.


Depois do almoço, para fazer a digestão, segui caminhando. Passei por algumas praças e cheguei ao Vondel Park. Imagino que em épocas mais quentes seja mais interessante, no inverno não me pareceu tão divertido. Voltei para o hotel para descansar e depois fui encontrar com Pedro, que conheço desde o segundo grau. Nos encontramos num bar chutando Old Bell. Além de algumas cervejas locais, provei um croquete em formato redondo. Estava saboroso. Dali fomos jantar num restaurante que produz a protetora própria cerveja chamado Fabrik. Além de cerveja, comi um galeto assado, tenro, mas com tamanho aperitivo.





6 comentários:

Unknown disse...

Deu fome por aqui. ; ) Frio? Museu! Eu adorei o museu de Van Gogh. Fizemos nosso próprio clímax, pois chegamos tarde e corremos para ver tudo antes do horário final.

Unknown disse...

Bjs Paty

Unknown disse...

Gostei tanto da descrição do Museu quanto das comidas! Beijo da tia

Unknown disse...

Tia Telma

Alberto Levitan disse...

Sempre emocionante e viva a narrativa ! Paty e eu exigimos : #livrojá

Unknown disse...

Dani, vc descreve os detalhes parece que estamos viajando tb. Bjs.