terça-feira, 27 de novembro de 2018

Ghent

Eu me esforcei para ir direto para a estação de trem, mas não consegui. Parei muito para tirar fotos, Brugge é muito fotogênica. Na estação comprei a passagem de ida e volta a Ghent e fui esperar o trem.


Ghent é perto de Brugge e a viagem foi bem rápida. Resolvi não pegar transporte da estação de trem até o centro da cidade, era uma oportunidade para conhecer um pouco.

No caminho fiz um pequeno desvio e passei por um parque. Fazia frio e se via uma névoa. Eu estava um pouco afastado do centro, então andei um pouco. Quando estava por chegar no primeiro ponto da visita, achei um café legal e parei para comer algo e tomar um café com leite. Aproveitei para revisar o plano de visita.


Assim que terminei de comer, fui para um castelo que atualmente funciona como uma universidade. O nome do castelo é Geeraard de Duivel, não estava aberto à visitação. Em seguida visitei a Catedral de São Bavão, no estilo gótico. Essa catedral era imensa, o interior era muito bonito e o exterior espetacular. Muitos vitrais ornamentavam a catedral, as colunas eram muito altas para dar sustentação ao teto, igualmente alto. 


Esse é meu estilo predileto de construção religiosa, gótico. Fora estes detalhes de arquitetura, tudo era muito adornado, o piso era muito bonito, havia diversas divisões na parte interna, cada qual com suas peculiaridades. 



Havia diversos retratos modernos e entendi porque vi a pintura de um dos ditadores mais odiados da história. Em alguns cartazes eles ecoavam quais eram os planos nazistas para as obras de arte que eles haviam roubado. Basicamente ela armazenagem tudo nos corredores de uma mina de sal abandonada na Áustria. Ordens foram dadas para caso a Alemanha estivesse se encaminhando para perder a guerra, a montanha devia ser implodida, ninguém deveria ter acesso àquelas obras.


Por sorte um grupo de austríacos que trabalhavam naquela mina, perceberam o carregamento de explosivos que fora transportado para dentro disfarçados de material sensível. Esse grupo arriscou a munição da pena capital e salvou as obras. Tudo isso aconteceu nas semanas finais da guerra. 

O centro histórico de Ghent tem muita coisa para ser ver e todo fica perto. Caminhei da catedral para o campanário, entrei porque ali havia uma torre em que era permitido subir. Subi pela escada em caracol. A cada andar havia um cômodo com coisas para se ver ou explicações do funcionamento da torre. 



Quanto cheguei no último andar antes do ponto de observação, os sinos começaram a soar, consegui ver o cilindro com a canção a ser reproduzida e numa corrida para cima, vi os sinos se mexendo.


Terminada a execução automática da música, dei uma volta no deck de observação. Dali vi todos os lados da cidade. Ontem eu pensei que havia visto a cidade mais bonita em que estive, mas agora, tendo visto Ghent, preciso mudar a classificação. Brugge tem de ser uma das mais lindas cidades pequenas que eu visitei e Ghent uma das mais lindas cidades médias que eu visitei. Esta viagem está me surpreendendo com respeito à beleza arquitetônica.

Do campanário visitei outra igreja, desta vez a de São Nicolau. Novamente em estilo gótico, mas de muito menor porte. Passei dali para o prédio da prefeitura. É impressionante a quantidade de detalhes que esse edifício tem. Dei uma volta para não perder nada. Acabei me desviando e explorei algumas ruas na região. Casa uma com diversas construções igualmente lindas.




Visitei uma praça de frente para o mercado Koren, dei a volta no mercado e encontrei o rio Lys. Diversas pontes cortam esse rio e uma das mais famosas é a ponte Saint Michiel. Do outro lado ficava a igreja de Sint Michiel, que não teve fundos para terminar o que seria a maior torre da cidade. 



Segui na direção do castelo Gravensteen. Já do lado de fora esse castelo prometia. Ele tinha as torres de vigilância, um fosso com água para conter inimigos. Peguei o guia de áudio e fui percorrer o castelo. Havia muitos detalhes e informações surpreendentes. Por exemplo, esse foi o primeiro castelo na Bélgica a ter uma lareira na forma como conhecemos hoje, o que foi um avanço enorme se comparado a maneira como se aquecia a casa anteriormente.




Ou então as janelas que tinham bancos de pedras nas laterais, facilitando a observação. As torres de observação eram ligeiramente inclinadas para facilitar os guardas a atirarem objetos do salto em cima de possíveis invasores. Era o típico castelo  medieval pelo qual sou apaixonado. 




Já com fome depois de tanto andar, fui procurar um restaurante para comer. Tinha em mente comer coelho, que é um prato típico da região. Antes de achar um restaurante, o sol saiu, a cidade ficou reluzente por alguns minutos. Dominando ao coelho, eu não me lembro de ter provado antes, mas posso dizer que a cerne se parece muito à de aves, talvez mesmo com frango. 


O coelho veio num molho que me pareceu ser feito de vinho, acompanhavam uma salada, um purê de maçã e, pasmem, batata frita. Eles levam isso muito a sério nesses países. Provei outras duas cervejas que não conhecia. Aqui é difícil repetir cerveja, parece que há mais de 1500 cervejas distintas.


Voltei andando para a estação e cheguei tranquilamente em Brugge. Caminhei mais do que 15 Km hoje, cada dia ando mais, e, por isso, cada dia fico cansado mais cedo. Mas isso não é problema, não numa viagem! 

Um comentário:

Alberto Levitan disse...

Cada vez melhor , hein !!!