Montanhismo por acaso

Ontem o dia havia sido bem puxado, havíamos percorrido 9,32 Km, resolvemos dormir um pouco mais para estar bem disposto. O plano era passar na agência para verificar um trekking mais longo que queríamos fazer e depois visitar o Glaciar Martial, que fica nos arredores da cidade.

Logo depois de despertar, começamos a nos aprontar e fomos à agência para verificar o passeio. Ele não estava disponível, mas após uma conversa, conseguiram nos acomodar. O trekking será o mais longo.

Saindo de lá fomos para o início da trilha. Ontem o Diogo, que trabalha na agência de turismo, havia dito que no Glaciar Martial havia duas trilhas que conseguiríamos fazer. A trilha mais popular era a que levava ao Glaciar, que é um local na montanha onde há um acúmulo de neve. No verão ocorre o degelo parcial e a formação de diversos rios.

A segunda trilha, mais pesada, nos mostraria outras montanhas depois da primeira cadeia que avistamos de Ushuaia. Essa trilha parecia bem interessante porque passaríamos pelo encontro de duas montanhas para ver um vale e depois mais montanhas. Havia também uma terceira trilha para uma vista da cidade.

Decidimos partir para a trilha mais difícil e depois avaliar se poderíamos fazer alguma outra trilha. A parte curiosa é que um sistema de teleférico estava lá, mas fora de funcionamento. O primeiro quilômetro era bem inclinado, mas já nele conseguimos fazer o percurso na metade do tempo que nos disseram. Dali procuramos a trilha para a vista do vale, mas não encontamos.

Aquela ilha de pedras à esquerda foi o nosso caminho para vencer a montanha.

Fizemos a nossa trilha. Seguimos pelo rio, depois fomos em direção ao glaciar. Essa parte de trilha estava razoavelmente cansativa, mas bem interessante, porque tivemos a oportunidade de andar no gelo. Mas já aí começamos a enfrentar dificuldades. O gelo escorregava muito porque estava numa parte íngrime. Tivemos de recorrer à gravidade para contorná-lo, com a ajuda de uma parte da montanha que não estava recoberta com neve.

O Glaciar ao fundo, antes da subida para a divisão das trilhas.

Depois de passar por essa parte coberta por gelo, chegamos numa face da montanha cuja inclinação estimo ser de 45º,  possivelmente mais, já que tive de inclinar meu corpo completamente para frente para me equilibrar.

O John também teve dificuldades e demos várias derrapadas. Conversamos com um casal que passava por ali e perguntamos quanto tempo faltava. Disseram-nos que de 10 a 20 minutos. Depois de muito esforço encontramos algo que lembrava uma trilha e seguimos por ali. Estávamos a cinco minutos do fim da trilha, descobrimos depois. Este percurso todo nos tomou algo em torno de uma hora e meia, já tendo andado meia hora até o início dessa trilha.

O esforço valeu muito a pena. A vista era muito bonita, o vale abaixo separava-nos da segunda cadeia de montanhas. Ventava muito no local e tivemos de colocar toda nossa indumentária a fim de tolerar mais tempo ali. De um lado avistávamos a segunda cadeia de montanhas, do outro, a cidade de Ushuaia e o canal de Beagle. Um belo passeio. 

A recompensa.

A nossa descida foi mais fácil, seguimos a trilha o que facilitou nossa vida. Ponderamos e resolvemos fazer a trilha que levava ao Glaciar Martial. A trilha era bem sinalizada, embora uma parte fosse bem íngrime. Chegamos facilmente até lá e resolvemos fazer a pequena trilha que nos levaria para uma vista panorâmica da cidade.

Ushuaia e o Canal de Beagle

Dali descemos até uma loja e tomamos uma cerveja para comemorar. Se achávamos que tínhamos andado muito ontem, hoje andamos 9,39 Km, e em subida.

Após a subida difícil.

Chegando no hotel tivemos uma surpresa. Um e-mail da nossa operadora turística avisando que nosso navio tinha tido um problema no motor e iria atrasar. Estamos em contato com eles e com a expectativa alta para as consequências. A priori teremos apenas 12 horas de atraso, o que nos custará um dia na Antártica. Vamos ver como podemos contornar esta situação.

Foto típica para capa de álbum de rock anos 80.

Data: 06/02/2015