Sempre depois do jantar tem show com um músico no barco. Ele é nascido no Zimbabwe, curiosamente não é a primeira pessoas de lá que eu conheço. O show ontem teve diversas músicas conhecidas, várias delas eram do estilo rock inglês. Foi muito legal, as pessoas não estavam tão animadas quanto o John e eu. Mas foi legal, o músico interagiu conosco, o garçom interagiu e a gerente do hotel ficou de papo.
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Avistando terra. |
Tem gente de diversos lugares do mundo aqui, embora a grande maioria seja de australianos, seguidos de ingleses e depois americanos. Pela manhã notei no mapa que estávamos bem perto de ver alguma terra. O plano inicial era ir para o círculo polar antártico e depois subir. Tivemos de mudar um pouco o trajeto. O primeiro ponto que avistamos foram as ilhas Melchior, depois de descer pelas ilhas Shetland. No caminho muitos animais já apareceram: albatrozes, petreis, pinguins, focas e baleias.
Quando chegamos bem perto da terra ancoramos. Descemos para o "Mud Room" (quarto da lama) que é o ponto de desembarque e embarque para as operações (atividades externas). A ideia é ter duas destas por dia. Já na primeira saída demos uma bela volta pela baía onde ficam as ilhas.
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"Mud room" |
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Primeira saída ao mar. |
Uma baleia passou muito perto da gente, fiz um vídeo muito legal. É realmente incrível ter animais tão grandes por perto, duas sensações me passaram na hora: entusiasmo e apreensão. A natureza impressiona de todas as maneiras aqui, os animais, o clima, as montanhas, os icebergs. Tudo é muito diferente do que já vi até hoje.
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A paisagem apresentava mudanças. Uma constante era a variação do clima. No mesmo dia pegamos sol, chuva, neve e névoa. |
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Uma baleia ao lado de um bote. |
Depois de avistar a baleia vimos pinguins, focas, todos na costa. Os icebergs são lindos, assim como o gelo que fica nas montanhas. Os tons variam em branco e chegam ao azul. O azul é bem bonito, gosto muito desta tonalidade. Vimos formações incríveis. Elas me impressionam muito. Depois demos a volta para chegar ao navio. O passeio durou mais de 1 hora.
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Diversas fendas se forma e é possível notar que a neve se acumula em camadas. |
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Detalhe de um ponto de descolamento. |
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Formações impressionantes na neve. |
Por diversos momentos no caminho vimos animais, pinguins e focas que pulavam. Baleias jogavam jatos para cima e pássaros nos circundavam. Icebergs por todos os lados. Às vezes vento, às vezes neve. Quando apenas nevava era bem tranquilo, a temperatura era completamente suportável, já quando ventava, ou ventava e chovia ou mesmo ventava e nevava, a coisa mudava. É nessas horas que o frio pega, mas dá para aguentar.
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Algumas focas numa ilha. |
Depois da volta almoçamos e aguardamos a segunda partida. Nessa a gente desembarcou na Roger Island, havia duas colônias de pinguins, das quais pudemos visitar uma apenas, que estava na parte baixa da ilha.
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A conquista do cume. |
Os pinguins da colônia baixa eram os Adelie, a da parte alta era o Chinstrap (corda no queixo, em tradução livre). Os pinguins fazem caminhos (highways) e os seguem para facilitar o deslocamento. É incrível como a ilha tem cheiro de excremento, mesmo assim, a beleza não nos deixa prestar atenção nisto.
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Pinguim Gentoo em detalhe. |
Do ponto em que estávamos podíamos ver o nosso navio, o continente antártico propriamente dito, diversos icebergs, um outro navio e gelo por todos os lados. Os tamanhos e as cores se tornam dramáticos aqui. Não é uma sensação criada, como aquela que senti ao visitar Jerusalém com 16 anos de idade, pelo contrário, não há uma expectativa religiosa, você pensa que vai ser bem legal visitar o continente do sul, mas quando chega-se aqui, diante da imensidão e do poder da natureza, você se rende.
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Enquanto alguns pinguins se distraem ao sol... |
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...outros parecem ter gostado do nosso navio. |
Não há como não se sentir parte da natureza, não há como se achar mais importante que qualquer outra espécie de nosso planeta. Ao mesmo tempo que me veio a sensação de deslumbramento, fiquei pensando em como podemos estar estragando o planeta como um todo. Ele sobreviverá, ele encontrará outro equilíbrio, mas e a gente?
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O tamanho da montanha em comparação a um bote. |
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O pôr-do-sol na praia frequentada pelos pinguins. |
Hoje a noite iremos acampar, estamos todos ansiosos para saber como vai ser dormir em terra firme depois da travessia. Como será o frio, como beberemos água. Diversos pensamentos me chegam, mas acredito que será uma noite bem legal.
PS: Até agora não falei da comida do navio, que é boa e farta, o que é bem importante dentro do meu conceito de gastronomia. Mas hoje a menção vem por conta da carne de cervo que nos serviram. Tenra, de gosto acentuado, sem sobrepujar os demais sabores. Recomendo.
Data: 12/02/2015
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