terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Cheguei à Antártica!

Sempre depois do jantar tem show com um músico no barco. Ele é nascido no Zimbabwe, curiosamente não é a primeira pessoas de lá que eu conheço. O show ontem teve diversas músicas conhecidas, várias delas eram do estilo rock inglês. Foi muito legal, as pessoas não estavam tão animadas quanto o John e eu. Mas foi legal, o músico interagiu conosco, o garçom interagiu e a gerente do hotel ficou de papo.

Avistando terra.
Tem gente de diversos lugares do mundo aqui, embora a grande maioria seja de australianos, seguidos de ingleses e depois americanos. Pela manhã notei no mapa que estávamos bem perto de ver alguma terra. O plano inicial era ir para o círculo polar antártico e depois subir. Tivemos de mudar um pouco o trajeto. O primeiro ponto que avistamos foram as ilhas Melchior, depois de descer pelas ilhas Shetland. No caminho muitos animais já apareceram: albatrozes, petreis, pinguins, focas e baleias.

Quando chegamos bem perto da terra ancoramos. Descemos para o "Mud Room" (quarto da lama) que é o ponto de desembarque e embarque para as operações (atividades externas). A ideia é ter duas destas por dia. Já na primeira saída demos uma bela volta pela baía onde ficam as ilhas.

"Mud room"
Primeira saída ao mar.
Uma baleia passou muito perto da gente, fiz um vídeo muito legal. É realmente incrível ter animais tão grandes por perto, duas sensações me passaram na hora: entusiasmo e apreensão. A natureza impressiona de todas as maneiras aqui, os animais, o clima, as montanhas, os icebergs. Tudo é muito diferente do que já vi até hoje.

A paisagem apresentava mudanças. Uma constante era a variação do clima. No mesmo dia pegamos sol, chuva, neve e névoa.
Uma baleia ao lado de um bote.
Depois de avistar a baleia vimos pinguins, focas, todos na costa. Os icebergs são lindos, assim como o gelo que fica nas montanhas. Os tons variam em branco e chegam ao azul. O azul é bem bonito, gosto muito desta tonalidade. Vimos formações incríveis. Elas me impressionam muito. Depois demos a volta para chegar ao navio. O passeio durou mais de 1 hora.

Diversas fendas se forma e é possível notar que a neve se acumula em camadas.
Detalhe de um ponto de descolamento.
Formações impressionantes na neve.
Por diversos momentos no caminho vimos animais, pinguins e focas que pulavam. Baleias jogavam jatos para cima e pássaros nos circundavam. Icebergs por todos os lados. Às vezes vento, às vezes neve. Quando apenas nevava era bem tranquilo, a temperatura era completamente suportável, já quando ventava, ou ventava e chovia ou mesmo ventava e nevava, a coisa mudava. É nessas horas que o frio pega, mas dá para aguentar.


Algumas focas numa ilha.
Depois da volta almoçamos e aguardamos a segunda partida. Nessa a gente desembarcou na Roger Island, havia duas colônias de pinguins, das quais pudemos visitar uma apenas, que estava na parte baixa da ilha.

A conquista do cume.
Os pinguins da colônia baixa eram os Adelie, a da parte alta era o Chinstrap (corda no queixo, em tradução livre). Os pinguins fazem caminhos (highways) e os seguem para facilitar o deslocamento. É incrível como a ilha tem cheiro de excremento, mesmo assim, a beleza não nos deixa prestar atenção nisto.

Pinguim Gentoo em detalhe.
Do ponto em que estávamos podíamos ver o nosso navio, o continente antártico propriamente dito, diversos icebergs, um outro navio e gelo por todos os lados. Os tamanhos e as cores se tornam dramáticos aqui. Não é uma sensação criada, como aquela que senti ao visitar Jerusalém com 16 anos de idade, pelo contrário, não há uma expectativa religiosa, você pensa que vai ser bem legal visitar o continente do sul, mas quando chega-se aqui, diante da imensidão e do poder da natureza, você se rende.

Enquanto alguns pinguins se distraem ao sol...
...outros parecem ter gostado do nosso navio.
Não há como não se sentir parte da natureza, não há como se achar mais importante que qualquer outra espécie de nosso planeta. Ao mesmo tempo que me veio a sensação de deslumbramento, fiquei pensando em como podemos estar estragando o planeta como um todo. Ele sobreviverá, ele encontrará outro equilíbrio, mas e a gente?

O tamanho da montanha em comparação a um bote.
O pôr-do-sol na praia frequentada pelos pinguins.
Hoje a noite iremos acampar, estamos todos ansiosos para saber como vai ser dormir em terra firme depois da travessia. Como será o frio, como beberemos água. Diversos pensamentos me chegam, mas acredito que será uma noite bem legal.

PS: Até agora não falei da comida do navio, que é boa e farta, o que é bem importante dentro do meu conceito de gastronomia. Mas hoje a menção vem por conta da carne de cervo que nos serviram. Tenra, de gosto acentuado, sem sobrepujar os demais sabores. Recomendo.

Data: 12/02/2015

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