O dia foi cheio, mas não foi cansativo. A região da toscana é bem acidentada e o trem não chega a todos os pontos, some-se a isso o fato de eu estar sozinho e querer participar das provas de vinho, resolvi pegar excursão a duas regiões em dois dias distintos.
A primeira foi a estes lugares, que podemos chamar de pequenas vilas. Finalmente me dei conta de estar na Itália, com a sua organização bem próxima à brasileira. Cheguei ao local de início da excursão com quarenta minutos de antecedência, quando foram pedidos apenas vinte.
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O caminho |
Já havia muita gente, entrei na fila e quando fui atendido, pediram-me para esperar um pouco porque outras excursões partiam antes. Passados quarenta minutos, ou seja, na hora de partida, eu ainda não havia feito o check-in. Expliquei para um dos atendentes a minha situação, dessa vez em espanhol, reforçando que não entraria em fila alguma novamente. Ele conferiu meu pagamento e me deu a identificação. Problema resolvido.
A guia já havia percebido a confusão e, antes mesmo de embarcar, me explicou que segunda é o pior dia para excursões porque os museus estão fechados e todos buscam o que fazer.
No ônibus recebemos algumas informações, sobre os locais, as produções agrícolas regionais, a possibilidade de almoço num lugar também tradicional. Além disso percebi que havia mais brasileiros no ônibus. Não é comum encontrar com brasileiros nos lugares para os quais viajo, mas Florença é um destino concorrido.
A primeira parada foi Montalcino. Lá visitamos a vinícola Padelletti, especializada no estilo Brunello de Montalcino. De acordo com a explicação que recebemos, há mais de oitenta vinícolas na microrregião d'Orcia.
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O local da degustação |
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Rodeado de garrafas de safras anteriores |
Essa vinícola, particularmente, utiliza mão-de-obra cem por cento manual. Pensei logo em duas coisas: a menor produção deve elevar os preços e as vinícolas aqui são muito menores do que as que conheci em Mendoza.
É impressionante como algo tão antigo como a produção de vinho ainda seja uma das principais indústrias de uma região contribuindo tão fortemente para a economia local.
A degustação começou pouco depois das dez da manhã, já animando o dia. Depois da degustação tivemos tempo livre e fomos passear na cidade. Além de uma praça central com uma torre com um relógio, havia uma fortaleza pequena, mas bonita. Eu havia conhecido um casal de Brasília e fiquei de papo com eles.
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Torre na praça de Montalcino |
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Fortaleza de Montalcino |
É bom poder comentar o que estou vendo nas viagens, bem como desfrutar da experiência de conversar e compartilhar o que vivenciamos em tempo real.
Depois dessa rápida volta nos encontramos com a guia para o almoço. Eu pedi tanto o primeiro quanto o segundo prato. A entrada era uma variedade de pães, ou melhor, pães e torradas no estilo bruschetta. Havia cinco tipos: tomate, patê, creme de cenoura , uma espécie de pesto e uma com alho esfregado no pão.
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Bruschettas de entrada |
Como primeiro prato comi macarrão com queijo e pimenta (cacio e pepe), como segundo prato uma carne assada no molho de vinho. Vinho foi servido à vontade, mas só tomamos duas taças. E de sobremesa comemos crostata, que é uma massa com marmelada. A comida estava muito gostosa.
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Macarrão cacio e peppe |
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Carne ao molho de vinho |
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Crostata |
Deste vilarejo seguimos para Pienza, antes conhecida como Corsignano. Essa vila foi reformada pelo papa Pio II, um nativo local, para ser a cidade perfeita. As ruas eram todas muito bonitas, com tijolos feitos com material da região, dando um tom característico à cidade. As casas eram em geral enfeitadas com flores, quebrando a monotonia bege das construções. Fizemos uma pequena prova de queijos pecorino e fomos liberados para passear.
A pracinha central tinha uma igreja com uma fachada bem simples, talvez no estilo romano e o edifício da prefeitura, com colunas e arcos medievais. A rua paralela à principal ficava na borda da montanha com vista para o vale, de onde víamos vinícolas e plantações.
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Fachada da catedral de Pienza |
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Entrada da prefeitura de Pienza |
Aproveitamos a agradável temperatura, o sol e tomamos um sorvete. Conversamos com o dono da sorveteria, que foi muito simpático.
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Detalhe de casa em Montepulciano |
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Rua de frente para o vale |
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Colinas na Toscana |
Já era hora de voltar para o ônibus e seguir para nossa última parada. O caminho era sinuoso e repleto de plantações: oliveiras, parreiras, canola e alcachofra.
Chegamos em Montepulciano e chovia um pouco, a guia não conseguiu adiantar a última degustação de vinho e então nos levou à praça central. A grande novidade que vi era uma enorme igreja cuja fachada nunca havia sido finalizada, ou seja, tinha um aspecto bem diferente. O interior, no entanto, estava pronto.
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Praça central de Montepulciano |
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Prédio na praça central |
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A catedral de Montepulciano |
Outras construções medievais completavam a praça central. Quando partirmos para visitar o resto da cidade começou a chover intensamente, rios começaram a se formar pelas ruas que desciam pela montanha. Consegui ver algumas coisas protegido com o mini guarda-chuva que o casal brasileiro me emprestou. Vi pouco e me molhei muito.
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Biblioteca ou livraria? |
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Barris para envelhecimento |
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Escada esculpida na rocha |
Voltei à praça central e dali fomos para a última degustação de vinho. A entrada nos levou para um corredor e logo para uma escada que descia bastante, atravessando a rocha que parecia ter sido talhada para formar a passagem. A vinícola se chamava Talosa, especializada no estilo vino Nobile de Montalcino. Pouco depois de chegarmos houve uma interrupção de eletricidade e fizemos a degustação às cegas.
É indispensável comprar um tênis impermeável, bem como um casaco igualmente impermeável. Parece que a chuva, de alguma maneira, tornou inviável o trânsito na estrada rápida, e como consequência fomos pela mais lenta. Ao chegar na cidade a polícia havia interrompido a entrada por uma suspeita de bomba, o resultado foi uma hora e meia de atraso.
Fui direto jantar num restaurante familiar cujo vinho era produzido na propriedade da família. Tomei uma sopa típica e comi macarrão com ragu.
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Ribolitta del Contadino |
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Salão da osteria Vecchio Cancello |
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Tagliatelle al ragù |
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