segunda-feira, 2 de março de 2015

Petermann Island e Paradise Harbor

Depois de toda a festa de sexta, sábado foi um dia para dormir cedo e cedo foi a hora que acordamos no domingo. O dia começou às 6:00 com a chamada para acordar. Tomamos o café da manhã e aguardamos para fazer o passeio matinal. Como havíamos nos inscrito no passeio de bote que tomaria mais tempo, fomos os últimos convocados. O passeio foi muito legal, ventava muito e tomamos muita água no caminho. Especialmente eu que fiquei na parte frontal do bote, para ser preciso, no primeiro lugar disponível.
Isto não faz diferença numa viagem destas, estamos aqui porque gostamos de natureza e sabemos que um pouco de sujeira, no caso água, está envolvida no processo. No caminho passamos por alguns pinguins que estavam em cima de ilhotas, vimos uma baía formada por Icebergs. Acho que não me canso de ver estas enormes montanhas de gelo. Os formatos são os mais diversos, os tons de azul variam muito. É especialmente bonito quando a parte que está debaixo da água reflete o azul brilhantes que alguns nos mostram. O efeito que temos é que a água é azul ou que aquele gelo azul derreteu e está em forma líquida.




Depois deste passeio estendido de bote fomos ao local onde de fato observaríamos pinguins. Atracamos de maneira bem fácil, nas pedras. Antes de desembarcar vimos inscrito em uma pedra as letras PP, significando Pourquoi pas. Basicamente era a inscrição que os franceses fizeram ao chegar a este ponto, ou seja, por que não ficar aqui?


O plano era seguir para outro ponto onde atracaríamos, Gullet. Mas ventava tanto que os planos foram modificados. Ficou acertado que iríamos visitar a Paradise Bay, Baía Paraíso, onde fica a base Brown, dos argentinos.



Para se ter ideia do vento, de manhã cancelaram o passeio de caiaque por conta de 25 nós de vento, de tarde chegamos a 75 nós. Gosto das decisões tomadas porque deixam a segurança em primeiro lugar. Fomos almoçar e no fim do almoço percebemos que o barco estava fazendo uns barulhos diferentes. Fomos conferir e o capitão estava literalmente quebrando gelo!



Coloquei um tênis e um casaco e fui para a proa do navio, queria ver isto de perto. Fiz um vídeo no qual dá para notar o barulho do vento, o barulho do gelo sendo quebrado e uma risada minha, porque vi um cara imitando o filme Titanic, numa ventania indescritível. Ventava tanto que meu capuz saiu da cabeça e me puxou para trás. As pessoas se seguravam para não derraparem com a combinação de vento e chão molhado. Foi bem divertido.




O vento diminuiu bastante e com isso conseguimos chegar à Base Brown. Fizemos a nossa primeira visita ao continente propriamente dito. Este ponto, no entanto é bem polêmico. O continente é formado por diversas ilhas, durante o inverno muitas delas são conectadas pelo gelo, no verão nem todas. Dessa maneira, o que podemos considerar como sendo parte do continente?!


Eu fico mais feliz em saber que no verão a parte em que estive é conectada a todo o resto do continente, mas isso não seria uma condição determinante. O local que visitamos era diferente dos demais, pudemos subir até alcançar um pico e avistar a baía que se formava, tanto a parte em que ancoramos quanto a parte de trás. Vimos gelo despencar da montanha de trás, a princípio fiquei assustado com o barulho, mas depois de perceber que era bem distante, fiquei mesmo foi impressionado. Uma névoa recobria as montanhas ao fundo dando a impressão de que o topo das montanhas, recobertos por neve, emendasse com as nuvens, não se reparava bem o limite entre um e outro.




Para descer dessa íngrime subida utilizamos o tradicional esqui bunda. Uma "pista" havia sido criada e foi por ela que descemos. Para se ter ideia de como foi, tirei gelo inclusive do bolso da calça. Ter descido assim foi muito divertido, não só economizamos tempo como ficou marcado. No caminho para embarcar cruzamos com alguns pinguins. A ordem nestes casos é esperar o pinguim decidir por onde quer ir, passar e somente depois seguir.




Já na fila vimos uma funcionária da base argentina, conversamos com ela e descobrimos que há 13 bases argentinas na Antártica, das quais 6 são temporárias, sendo utilizadas apenas no verão. Interessante conversar com alguém que participa de um projeto científico por aqui.






Antes de voltar para o barco fizemos um passeio de bote, diversas pessoas da estrutura da excursão vieram em nosso barco, eram quatro no total, incluindo o médico e a fotógrafa. Avistamos diversos pássaros, focas leopardo - que é um dos principais predadores destes mares - pinguins e um barco a vela. O barco veio de Ushuaia, atravessou o canal de Drake e estava ancorado na parte de trás da Paradise Bay. Vieram sem utilizar o motor, somente a vela. Não sei até que ponto isto é verídico.



Durante o passeio pela parte de trás da baía começou a nevar e logo depois a chover. Sendo a Antártica um dos continentes mais secos do planeta, presenciamos um evento raro. A volta, já atrasados, foi em alta velocidade. Tudo o que a neve acumulada do esqui bunda, a neve neve dos céus e chuva não nos molhou, conseguimos na volta com o bote batendo nas ondas.


No "mud room", tirando as botas, achei gelo em outros lugares da minha roupa, como a dobra que eu fazia na parte inferior da calça, por exemplo. Rimos bastante disto, direto para o banho e depois janta. Hoje o jantar foi temático, América Latina. O Brasil foi representado pela moqueca.




Data: 15/02/2015

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