terça-feira, 10 de março de 2015

Deception Island: Baily Head e Telefon Bay

Como em nossa viagem perdemos um dia com o reparo do navio, o último dia no sul teria de ser bem aproveitado, por isso o líder da expedição, Alex, armou uma operação para toda a manhã. Acordaríamos bem cedo, 5:00 para visitar a Baily Head e depois iríamos fazer uma caminhada pela Telefon Bay e visitar um vulcão ativo na Antártida.


A primeira parte do processo foi fácil, dormir cedo para acordar cedo. Os dias são tão cansativos que é comum irmos para o quarto tirar cochilos enquanto o barco se reposiciona, dormir cedo então viria em ótima medida. Acordar cedo tem suas vantagens, vimos o primeiro nascer do Sol da viagem inteira.



Pouco depois recebemos a notícia que não conseguiríamos desembarcar em Baily Head, mas ao invés disto, faríamos apenas uma excursão com os botes. Logo na saída do barco vimos algumas rochas que se erguiam do mar, perto de uma escarpa que se conectava com a praia. O local que visitaríamos tinha uma colônia de pinguins enorme, estimam em 60.000 casais, o que contabilizaria 120.000 indivíduos. Se somássemos os filhotes e os solteiros, segundo nosso piloto, que é um biólogo da Costa Rica, teríamos algo em torno de 300.000 pinguins.

Uma foca loira.

Pinguins tentam aprender a nadar enquanto são levados pelas ondas.
O mar estava entrando alto na praia, aliás, foi por este motivo que não conseguimos desembarcar. Mas também foi por isso que vimos cenas engraçadas de pinguins sendo varridos pela água para dentro do mar. Estes pinguins eram novos e estavam pela primeira vez tentando nadar. A falta de experiência não somente os puxa para dentro do mar quanto os deixam mais vulneráveis a predadores. Encontramos com alguns mortos pelo caminho. Algumas aves estavam fazendo proveito da situação.



De lá nos deslocamos, ainda nos botes, para a Telefon Bay. Esta baía tem o formato redondo e apenas uma entrada estreira. A entrada é mais estreita do que mostra o mapa, porque há uma pedra entre as duas paredes de entrada.



Nesta baía localizava-se uma estação de baleeira. Depois de capturadas, as baleias eram trazidas para o local onde processava-se a mesma. Óleo era extraído da baleia e passava pelo processo de transformação. Antes da eletricidade as casas e ruas no mundo eram iluminadas por lamparinas, e, até a descoberta do petróleo, o combustível utilizado era o óleo de baleia. Com esta informação conseguimos ter o tamanho da importância desta indústria no passado.



O que pudemos ver foi a ruína desta estação de tratamento, já que duas erupções cobriram boa parte do que era uma estação maior. O navio veio nos buscar já dentro da baía, aguardamos do lado de fora e bastante gente estava sentindo o frio.




Os botes se posicionaram para que as pessoas entrassem no barco, nosso piloto, costa riquenho ultrapassou todos que já estavam na fila e fomos o primeiro bote a desembarcar. Falei um "viva a América Latina", no que o piloto riu, obviamente entendendo tudo. Ele não deve nem notar o que fez e o motivo de nossos países não protegerem o cidadão.

No café o John, que estava morrendo de frio, usou a torradeira como aquecedor de mãos. Algumas pessoas fizeram o mesmo. Pouco tempo depois iríamos para o mar e por isso não abusei no café da manhã. O plano era fazer uma caminhada até bem próximo de um vulcão na Deception Island e depois seguir visitando outras crateras.

Havia uma neblina tão espessa que os planos foram mudados no caminho até a praia. Visitamos a primeira cratera, que era enorme, subimos um pico, descemos para ver a cratera de outro ângulo e logo depois voltamos para a praia. Antes de voltar para o barco fizemos duas coisas.

Depois de muito esperar, a neblina se dissipou.


A primeira foi ver como aquelas montanhas eram recobertas por neve, e não por terra como parecia num primeiro momento. O fato é que aquele vulcão expelia cinzas e tudo isso se acumulou por cima de enormes montanhas de gelo. Em algumas partes era possível ver o gelo predominando.



A segunda coisa a ser feita foi nadar no mar do Sul. Esperávamos por isso há bastante tempo e fizemos. Todos correram para o mar apenas para entrar e sair. Entramos andando, bem tranquilos, depois nadamos um pouco adiante, voltamos nadando até que saímos do mar. Tudo registrado!


A água do mar é tão gelada que em poucos minutos, senão em apenas um minuto, já era difícil sentir os pés. Quando fiquei de pé para sair da água, pouco sentia o chão, agora, ao sair da água, parecia que estava quente. Sentimos a temperatura pela diferença e não em termos absolutos. Eu sabia que estava frio, embora não sentisse. Achei melhor me vestir assim que pudesse.

Mas para isso precisava das toalhas. As pessoas que iriam nos entregar as toalhas resolveram entrar na nossa brincadeira e não as entregaram por um tempo, até que se renderam e nos deram toalhas. Tive inclusive de pedir em hebraico! Depois de nos secarmos, nos vestimos, tomamos o bote e fomos para o navio. Lá nos esperavam um gole de rum e a sauna.



Ficamos uns vinte minutos reaquecendo até que nos preparamos para almoçar. Foi anunciado que o mar de tarde ficará novamente mexido e que deveríamos guardar nossos eletrônicos e aqueles que quisessem, podiam tomar as pílulas para enjoo. Não tive dúvidas, tomei as pílulas.

Data: 17/02/2015

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